sábado, 31 de março de 2012

sexta-feira, 30 de março de 2012

Declaro que não sou comunista

No i online noticia-se que:
Um organismo do Estado está a pedir aos seus trabalhadores com recibos verdes que assinem um documento em como não têm “afinidades políticas” com outros colaboradores e ex-funcionários desses mesmos serviços. (...) A declaração – que está a ser pedida aos colaboradores para efeitos de renovação do contrato de trabalho –, menciona, além da questão partidária, “interesses económicos” e “relações familiares”.
É mais um pequeno sinal do emergir de "outros tempos", perceba-se bem, sem eufemismo, sinal do emergir do fascismo. Transcrevo o seguinte a partir do blog o Companheiro Vasco para lembrar esses "outros tempos":
Em 21.05.1934 - É promulgada a lei que obriga os funcionários públicos a assinar a declaração anticomunista e que permite suspender ou demitir das suas funções, por simples decisão do Conselho de Ministros, os que não derem provas de aceitação dos princípios da Constituição fascista. Pela aplicação desta legislação foram demitidos milhares de funcionários públicos. (daqui)
Aqui no blog este é mais um post da série «Rumo ao Fascismo» onde vou compilando uma série de sinais fascizantes. Ontem o Bruno Nogueira fez uma excelente crónica que se encaixa perfeitamente com o tema. Aqui esta ela:

quarta-feira, 28 de março de 2012

O meu vizinho

É quando a espertina bate forte que tenho oportunidade de apreciar o talento ronqueiro do meu vizinho do lado. É como ouvir pedras rolantes apenas pelo subwoofer. Pus-me a pensar nas consequências disso a longo prazo na estrutura do edifício e na minha saúde. Penso que reverberação provocada pelo ressonar deste talentoso vizinho não trará no futuro problemas estruturais ao edifício, a não ser que ele se babe muito - não se deve subestimar o poder destrutivo duma infiltração. Mas, em relação à saúde, é diferente. Lembro-me bem das minhas colegas de Engenharia do Ambiente estudarem os malefícios das baixas frequências nas nossas habitações e consequente potenciamento no desenvolvimento de cancros. Com a destruição progressiva do Sistema Nacional de Saúde e do nosso poder de compra é algo a ter ainda mais em atenção. Logo, preocupa-me.

O interesse pelo talento vocal do meu vizinho fez-me levantar da cama, e com a ajuda da guitarra, determinei que ele inspira num sofredor Fá sustenido e espira em Fá arrastando-se até encontrar a paz num Lá sustenido - ele gosta de notas com acidentes! Outra idiossincrasia dele é que repete à exaustão a mesma frase melódica, salvo esporádicos improvisos. A distância entre o fá sustenido da inspiração e o fá da aspiração perfazia um intervalo de sétima maior e, portanto, se tocadas as duas notas ao mesmo tempo, realizar-se-ia um acorde com som dissonante. Um acorde dissonante caracteriza-se por provocar uma sensação de desconforto, de tenção, consequência da colisão de notas não totalmente compatíveis. Admito que pudesse ser já alguma paranóia provocada pela privação de sono, mas comecei a ficar angustiado ao imaginar que se, por acaso, desse na cabeça deste meu vizinho ronqueiro fazer um acorde, isto é, inspirar e aspirar ao mesmo tempo, ele poderia provocar sérios estragos, não só estruturais no edifício e na minha saúde, como danificar-se seriamente a ele próprio. Além da baba, jamais se deve subestimar o contacto directo com acordes dissonantes. Contudo, seria um toque muito Jazz.

Esperando em vão que o meu vizinho optasse por conceitos melódicos mais adequados para me embalar até ao sono, foquei de seguida a minha atenção no arrastamento do fá até ao lá sustenido que ocorria em cada aspiração. Estamos aqui na presença dum virtuoso! Ocorre contudo aqui uma questão: será este deslizar duma nota até à outra consequência dum portentoso aparelho vocal e respiratório do dorminhoco, ou o meu vizinho enquanto curte o seu REM está em movimento? Se ele estiver em movimento, estamos então na presença do conhecido Efeito de Doppler.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Excerto de «O que é o materialismo dialéctico?»

O melhor é ler o texto na íntegra aqui, em Diário Liberdade. Deixo aqui três parágrafos deste excelente artigo:

(...) argumenta o companheiro idealista que esse aborrecido processo de pequenas manifestações, grevezinhas e protestos não leva a lado nenhum! O que a gente precisa é de partir esta merda toda, meter uma bomba em São Bento, greve permanente até o governo cair. Essas coisas... É que eu só não faço greves porque elas não duram o que deviam e só não vou às manifestações porque elas não são revoluções...

A lei central da dialética pode ajudar-nos a esclarecer o companheiro idealista. Trata-se do mecanismo de transformação da quantidade em qualidade. Um exemplo prático da aplicação desta lei pode-se ilustrar com a água: baixemos (quantitativamente) a temperatura da água e ela acaba por se transformar em gelo, alterando-se qualitativamente. Ao longo da história, as transformações sociais foram sempre corolário político da luta entre classes opostas por interesses inconciliáveis. Esse conflito, espraia-se diariamente em pequenas ações: manifestações, debates, greves. Mas o que ainda escapa ao companheiro idealista, é que quando a quantidade destes pequenos protestos atinge o ponto de ebulição, tal como a água, dá-se uma mudança qualitativa na sociedade, a revolução.

A História demonstra para além de quaisquer dúvidas que o materialismo dialético não se equivoca: Se a minha geração quiser sair da plateia e pegar a História pelos cornos, não pode delegar a política em ninguém sem fazê-la todos os dias com a sua própria luta. Só a longa e dura luta pelos direitos dos trabalhadores e das populações, pode engrossar o caudal que desagua em mudança. Será também essa mesma luta, a forjar uma nova consciência, que acabe de vez com a perversa cumplicidade entre explorador despudorado e explorado complacente.

Todos à Greve Geral!

sábado, 17 de março de 2012

Metro de Lisboa: reduzido a três carruagens

No metro de Lisboa, na linha verde, passou-se a usufruir apenas de três carruagens, quando antes eram quatro. Esta quarta-feira uma mulher desmaiou devido ao aperto na lotada carruagem.

A estes apertões alguns chamarão «maximização de recursos». É assim o "progresso" deles (os portadores do pensamento dominante). Em suma, as necessidades do lucro acima das necessidades da classe trabalhadora.

Digo isto, porque na Metro prepara-se a privatização da empresa, ao governo está incumbido de tornar-la o mais apetitosa possível para vender aos futuros donos. Reduzir custos e aumentar as receitas é o interesse deles, enquanto a nós nos prometerão maior «eficiência». Seremos eficientemente enlatados, como sardinha. É bom lembrar que,
«O executivo do Estado moderno não é mais do que uma comissão para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa» - Marx e Engels
Situações de ensardinhamento são uma realidade em muitos pontos do mundo: Tóquio, São Paulo, mais... (os motivos serão muito diversos, é certo)

terça-feira, 13 de março de 2012

American Beauty (1999) - 10

Tem um enredo brilhante. É a crónica duma morte anunciada. O morto e os restantes personagens são dum típico bairro norte-americano. Personagens cujas pulsões libidinosas reprimidas lhes confere uma psicose digna do que é, para mim, o paradigma duma família "normal" numa sociedade capitalista. Gente de onde o tempo livre não abunda, a futilidade do ter ocupa quase por inteiro os objectivos de vida, e se vive acompanhadamente sós interagindo por ataques passivo-agressivos com quem mais gostam... alias, se habituaram a viver. Que reste a aparência do sucesso, ao menos.

O velho masoquista que se apaixona por uma menor recuperando a pica ao seu cadáver, ao ponto de se motivar e libertar dos sádicos que cativou, incluindo a frígida mulher e à vidinha casa-trabalho-casa, rejuvenesce entre as pétalas. Com ele, quase todos os personagens entram num processo incrível de catarse, que entre o ridículo e a activação de endorfinas pelo rei do imobiliário, tem o seu momento mais alto da resolução da tensão reprimida no florescer libertador duma poça de sangue.

Se não viste o filme, então não percebeste quase nada do que escrevi. Se viste, então é diferente, mas também não terás compreendido muito, imagino. Eu que o vi, e isto escrevi, também não percebo muito bem, mas menos ainda percebo quem não gostou do filme. Devem ser pessoas com saúde metal demasiado saudáveis para estarem vivas. Precisam talvez de se apaixonar por uma loira que faça chover pétalas. Vejam o filme, pois a Beleza está nestas pequenas coisas.

domingo, 11 de março de 2012

The Musical Box - Dramático de Cascais, 10-03-2012

Na memória ficará: 
  • o volume do som, bem mais alto e agressivo que nos concertos da Aula Magna;
  • A "chaimite" à porta, com aspas, pois se aquilo era uma chaimite, era a versão mais próxima que havia do triciclo;
  • O palco subido, impossibilitando ver as teclas, mas que interessa ver as teclas?;
  • Era só tias! Terminou a última música do álbum e uma multidão de plásticas correu para a saída aliviada por ter chegado o "fim".
  • O COPCON à saída a meter ordem com um "toca a circular, vá", e talvez por estarem desarmados, no final já lhes tinham rebocado a "chaimite".

Mais há a acrescentar, mas fico-me por este vídeo de ontem:


Não hesitarei em voltar a rever esta recreação pela 4ª vez.
Foi um concerto do caraças.

post scriptum:
"Genesis em Cascais 1975": os The Musical Box 37 anos depois

Síntese da Guerra na Síria

Três parágrafos do artigo de James Petras publicado em Resistir.info:
O assalto à Síria é apoiado por fundos, armas e treino estrangeiro. Devido à falta de apoio interno, contudo, para ter êxito, será necessária intervenção militar directa estrangeira. Por esta razão foi montada uma enorme campanha de propaganda e diplomática para demonizar o legítimo governo sírio. O objectivo é impor um regime fantoche e fortalecer o controle imperial do Ocidente no Médio Oriente. No curto prazo, isto destina-se a isolar o Irão como preparativo para um ataque militar de Israel e dos EUA e, no longo prazo, eliminar outro regime laico independente amigo da China e da Rússia.

(...)

Uma vitória militar ocidental na Síria simplesmente alimentará a fúria crescente do militarismo. Encorajará o Ocidente, Ryiadh e Israel a provocarem uma nova guerra civil no Líbano. Depois de demolir a Síria, o eixo Washington-UE-Riyadh-Tel Aviv mover-se-á para uma confrontação muito mais sangrenta com o Irão. 

A horrenda destruição do Iraque, seguida pelo colapso da Líbia do pós guerra, proporciona um terrífico modelo do que está reservado para o povo da Síria. Um colapso precipitado dos seus padrões de vida, a fragmentação do seu país, limpeza étnica, dominação de gangs sectárias e fundamentalistas e insegurança total quanto à vida e propriedade.

sábado, 10 de março de 2012

Hoje é 6 e 7 de Março de 1975

No dia 6 de Março de 1975 no Dramático de Cascais o concerto dos Genesis começou assim:

aqui no blog fiz referência ao concerto de 75 e à volta dos The Musical Box. Deixo agora mais um testemunho do concerto em que Rael veio ter a sua catarse a Cascais em pleno PREC:
Eu estive lá, com 12 anos de idade, às cavalitas do meu irmão Armando, que teve a feliz iniciativa de me levar.

Com chaimites e polícia cá fora, tipos guedelhudos e oleosos, tal como eram as coisas em 1975, sentia-se adrenalina e ventos de mudança no ar. A malta estava ávida de coisas diferentes e de beber, até ao último trago, tudo aquilo que raramente atravessava a fronteira.

Mas este grupo era, de facto, diferente: tinha força e jorrava emoções que mexiam connosco.

Estive na segunda noite, a do Musical Box, no encore. Now, now, now, now, now... ainda me arrepio, só de pensar. Por incrível que pareça, o Peter Gabriel olhou-me, a certa altura, fixamente, por uns segundos, pois eu estava muito próximo do palco, elevado às costas do meu irmão, e deve ter pensado "o que faz este puto aqui...". Nunca esqueci essa imagem, pois tinha os olhos azuis vivos, realçados por tinta preta, na sua representação de Rael.

Essa noite marcou-me, definitivamente. Estes fulanos entraram nas nossas vidas, graças ao seu talento inigualável, e ainda hoje sou surpreendido, cada vez que ouço em qualquer disco. Por mais voltas que dê, e escuto muita coisa diferente, volto sempre às origens...

Tenho para contar aos filhos e aos netos, aliás, a minha filha já ouve Genesis.

Carlos Brito de Sá, 49 anos (daqui)

Denis Gagné (Peter Gabriel)
Genesis é uma das minhas bandas favoritas, e garanto que vale a pena rever a emulação feita pelos The Musical Box. A ilusão de que são mesmo o Genesis é muito bem conseguida, caso contrário não voltaria a revê-los. Fui a quatro concertos (e meio), e do primeiro, lembro-me perfeitamente da cena que acima Carlos Sá refere: Touch me now, now, now, now, now - arrepiante -, a sombra do velho projectada no tecto... - espanto! - e assisti a algo que nunca vira antes quando o publico no final da música saltou das cadeiras como que catapultados a gritar e a aplaudir como que caídos em demência; só consigo comparar à forma como se grita e salta quando num estádio cheio se festeja o golo mais importante do nosso clube. Espero que hoje o encore volte a ser The Musical Box, tal como se sucedeu na segunda noite de 75. Se voltar a haver chaimites e copcon à entrada do novo Dramático, espero trazer aqui as fotos.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Estaleiros de Viena Vs Estaleiros do grupo Martifer

Há pouco mais de um mês o PCP apresentou um projecto para financiar e salvar os estaleiros navais em Viena do Castelo. Mas o PSD e o CDS votaram contra. O financiamento permitiria salvaguardar postos de trabalho e um importante dinamizador económico da cidade de Viena do Castelo. Permitia aos estaleiros construir dois navios da Douro Azul (negócio que se perdeu há um mês atrás).

Agora, surge a noticia de que A Navalria, estaleiros detidos pelo grupo Martifer, ganhou a adjudicação dos dois novos navios da Douro Azul num negócio superior a 20 milhões de euros. E lá se vai promovendo a destruição do que resta da indústria nacional e pública em proveito dos interesses dos privados.
«O executivo do Estado moderno não é mais do que uma comissão para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa».

Marx e Engels
Não se finjam admirados. É claro como a água: o PSD, o CDS e este governo (tal como os anteriores) não são (ou foram) mais do que extensões políticas do grande capital. Podem ter no seu interior quem defenda honestamente os interesses do povo trabalhador, mas a prática demonstra que não são mais do que partidos ao serviço dos grandes grupos económicos. Quanto mais exemplos serão precisos? (dois exemplos aqui: O executivo Estado moderno...)

Leitura recomendada:
«Cronologia de Almoços, Falências e Oportunidades», in Ad Argumentandum

quinta-feira, 8 de março de 2012

Colômbia: mais de 250 000 foram mortos desde os 80s

Se tivermos em conta os que os média dizem, sem filtros, sem desmontar a mensagem, pensaríamos que na Colômbia é assim: as FARC são os maus, e o governo colombiano com as ajuda dos EUA são os bons que travam uma guerra contra a droga.

Lembro, numa conversa com uma amiga, dizer que a guerrilha não surgiu do acaso, e que houve acontecimentos que promoveram a necessidade para o seu surgimento, e que... Ao que fui interrompido com um

- Mas o mal não justifica o mal.

Perante tal argumento, o meu cérebro teve um curto-circuito, e calei-me. Calei-me, mas temporariamente, após fazer reset, retorqui:

- Se alguém estivesse prestes a matar-te a tiro: ficarias sem agir, ou preferias salvares-te ao disparares antes de ser morta?

Ela percebeu onde queria chegar. Mas, desconhecendo o que terá provocado a origem das FARC e a sua manutenção até hoje, ficou confusa. O ponto de vista moralista já não lhe bastava para tomar posição sobre o assunto.

Basta saber o que aconteceu na década de 80 com o partido União Patriótica, criado como proposta política democrática pelas FARC, num processo de paz, e que chegou a obter a mais alta votação na história dos partidos de esquerda colombianos, com 5 senadores, 14 deputados, 351 vereadores e 23 prefeitos [1], para saber que o assunto é bem delicado.

Dois candidatos presidenciais, 7 congressistas, 13 deputados, 70 vereadores, 11 prefeitos, no total, 3.000 integrantes da UP foram assassinados [2] por agentes do estado colombiano e grupos paramilitares ligados a narcotraficantes. Alguns sobreviventes do extermínio abandonaram o país. No dia 11 de Novembro de 1988, quarenta militantes foram publicamente executados na praça central do município de Segóvia, no distrito de Antioquia. [3].

Mas, a resposta mais exótica que tive, à pergunta acima, foi de alguém que dizia deixar-se nas mãos de Deus. Que podia morrer, mas que matar, jamais. Um milagre surgiria e... Acho que a resposta envolvia anjos, e exemplos de casos semelhantes em que algo fantástico acontecera... (!)

Ter moral é uma coisa, ser-se moralista é outra. Não matar, é um excelente Mandamento, mas ter o valor como absoluto não é boa ideia, é não perceber que tudo está sobre influências contraditórias, e que matar pode ser em determinados casos o melhor a fazer. Atenção: nunca matei, nem pretendo matar ninguém; nem bichinhos mato.

Agora sabe-se pelo Wikileaks que os assassinatos desde a década de 80 ascendem os 250 000. Mortos pelo Estado colombiano e paramilitares, apoiados pelos EUA, e com o conhecimento dos governos destes [ler aqui]. Irão os EUA fazer um embargo económico à Colômbia? Pois.

Quem em Portugal ficar surpreendido por estas horrorosas notícias, é porque tem estado restringido a obtenção de informação pelos média dos grandes grupos económicos. Dos médias nacionais, só pelo Avante! é que li notícias sobre os recentes achados de mais valas comuns na Colômbia. [aqui e aqui]

Levantar, directa ou indirectamente, o 5º Mandamento para criticar ou abdicar de apoiar quem luta pela via das armas é uma argumentação... pateta. Cada caso é um caso e, por vezes, abdicar das armas pode ser sinónimo de suicídio. Ficar passivo, ou escolher a via das rezas, perante um genocídio e perseguição política é acabar por estar do lado dos genocidas.

O assunto é complexo, e percebo que se hesite por se tomar parte por um dos lados do conflito armado. Mas a minha moral diz que se deve aprofundar todos os assuntos, não ceder a conclusões simplistas, moralistas, e ao aprofundar este assunto será que nos devemos declarar neutros?

Não há nos telegramas da wikileaks nenhuma referencia ao número de milagres ocorridos. Nisto como no resto, não há milagres, o melhor será dar férias aos joelhos e agir.

8 de Março (em três notas)

1#
Contrariamente a muitas outras datas que nos enchem o calendário, vazias de sentido e surgidas a partir de interesses puramente comerciais relativamente recentes, o 8 de Março já tem mais de 100 anos, e resulta do próprio processo de afirmação da mulher, e sobretudo da mulher trabalhadora, no seio da sociedade moderna. Mas ainda há tanto caminho a percorrer... [in o Companheiro Vasco]

Não sendo as palavras em 1# um desabafo, no entanto, trancrevo-o como pequeno desabafo pela forma como vejo o dia festejado por algumas mulheres... A nota 2# referencia que o dia surge da luta pela satisfação das necessidades da mulher, mas sobretudo da mulher trabalhadora. Em 3#, demonstração de consciência de classe, mais um exemplo histórico tremendo da importância, e do legado da luta e desta data feminista.

2#
O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. (...) Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela Internacional Socialista, quando foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituição de um dia internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada. [in Wikipedia]
3#
A data do primeiro Dia Internacional da Mulher não foi uma escolha ao acaso. A indicação do mês de Março está associada a dois acontecimentos de importância simbólica para o proletariado: a revolução alemã (Março, 1848) e a Comuna de Paris (Março, 1871) (...). A 19 de Março de 1911, o sucesso da primeira celebração foi considerável – a maior manifestação do movimento pela emancipação das mulheres, com mais de um milhão de mulheres nas ruas das cidades da Alemanha, Suíça, Áustria e Dinamarca. (...)

É só a partir de 1917 que se estabelece a data de 8 de Março para as comemorações do Dia Internacional da Mulher. No dia 23 de Fevereiro do calendário gregoriano (8 de Março no calendário juliano), as mulheres russas manifestam-se em S. Petersburgo, exigindo pão, o regresso dos maridos enviados para a frente da guerra, a Paz e a República. A greve estende-se rapidamente a todo o proletariado. Em poucos dias a greve de massas transforma-se numa insurreição e ao fim de cinco dias cai o império russo. [in O Militante]

terça-feira, 6 de março de 2012

Classe operária (e engenheiros)

A citação abaixo é mais um sublinhado ao livro Pequeno Curso de Economia a juntar aos que aqui tenho deixado no blog. O sublinhado vai de encontro ao pensamento que fui desenvolvendo de que é correcto incluir como pertencente à classe operária os engenheiros. No entanto, mesmo entre outros marxistas noto que se evita uma classificação tão abrangente do conceito classe operária. Incluir um engravatado nessa classificação desafia a imagem que temos do operário de fato-macaco... Vamos ao sublinhado:

A classe operária é composta pelos proletários dos campos, das minas, das fábricas e dos estaleiros, mas também (...) por aquela parcela dos trabalhadores que intervêm na preparação do trabalho industrial (técnicos, engenheiros, desenhadores, informáticos, empregados dos serviços de planificação e dos centros de cálculo) ou que contribuem para o processo de fabricação, particularmente no domínio da logística industrial (...) e das telecomunicações (...).
Também integrarão a classe operária os trabalhadores do comércio, dos escritórios e dos outros ramos dos serviços (...).

Três elementos comuns a todos estes estratos de trabalhadores estão na base da sua classificação como classe operária:
  1. o assalariamento (...);
  2. a participação directa ou indirecta na produção de mais-valia;
  3. a contribuição para criação de valor de uso das mercadorias.
Do livro:
Pequeno Curso de Economia, Fernando Sequeira, Gorjão Duarte, Sérgio Ribeiro, Ed Avante!, (p 157).


Contudo, há diferenças, tanto objectivas como subjectivas, entre os distintos grupos de proletariado. O proletariado industrial desenvolve, normalmente, uma maior consciência social e de classe, sendo por isso mais combativo. Frequente também, como por exemplo entre engenheiros, estes nem sequer se reconhecerem como pertencentes à classe trabalhadora, quanto mais designarem-se com os termos classe operária. Quanto a consciência de classe, vem-me à cabeça como muitos dos meus colegas de engenharia falam com desprezo dos operários (serventes, pedreiros, electricistas, etc).

Mas tudo isto faz alguma confusão, afinal na linguagem comum, tal como vem no dicionário, o operário é a "pessoa que tem ofício manual ou mecânico, sobretudo no sector industrial".

sexta-feira, 2 de março de 2012

O saber científico materializa-se na produção

"O saber científico materializa-se na produção, através da transformação da ciência em aplicação tecnológica, mediatizada pela força de trabalho, fazendo do «processo de trabalho, processo científico» (Marx)."
Do livro:
Pequeno Curso de Economia, Fernando Sequeira, Gorjão Duarte, Sérgio Ribeiro, Ed Avante!, (p 145).

quinta-feira, 1 de março de 2012

The Black Heart Procession - A Heart The Size Of A Horse


Para ver mais sobre o autor dos vídeos, aqui.

"Sometimes there's so much beauty in the world..."


"Do you want to see the most beautiful thing I ever filmed? It was one of those days when it's a minute away from snowing. And there's this electricity in the air, you can almost hear it, right? And this bag was just... dancing with me ... like a little kid begging me to play with it. For fifteen minutes. That's the day I realized that there was this entire life behind things, and this incredibly benevolent force that wanted me to know there was no reason to be afraid. Ever. Video is a poor excuse, I know. But it helps me remember ... I need to remember...

Sometimes there's so much beauty in the world ... I feel like I can't take it... and my heart is just going to cave in."