domingo, 24 de fevereiro de 2013

Fox News - uma arma mediática do aparelho militar

Há pouco mais de uma semana a Fox News fez referencia a um gráfico mostrando a taxa de crescimento do orçamento em armamento por parte dos EUA, China e Rússia [vídeo]. Ocultou toda e qualquer outra informação, inclusivé, uma obrigatória para quem perceba o mínimo de estatística e simples matemática: "esqueceram-se" de fazer referência dos valores gastos em armamento no presente.
aqui no blog se fez referência aos custos militares de vários países, e não dá para enganar, a comparação torna óbvio: os EUA são um monstro bélico. Não tem rival que lhes trave o ímpeto agressivo de conquista e roubo dos recursos de outros povos.

os maiores orçamentos militares do mundo
A Fox News é um dos instrumentos de propaganda mais rasteiros que conheço, só mesmo ultrapassado pela imprensa venezuelana anti-chavista, ambos propriedade de grandes grupos económicos. Há uma ligação directa entre os interesses desses grandes grupos económicos com o aparelho militar e a manipulação mediática constante. 

Em Portugal a situação tem características diferentes, mas não muito, no essêncial os média predominantes têm um papel semelhante à Fox News. Somos alvo de fortíssimo borbardeamento mediático que confunde e se repete em favor dos grandes grupos económicos, sobretudo a banca, e as suas negociatas troikianas. Mas em que jornais confiar? Quais e quem são as fontes honestas e de confiança?

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A «neutralidade» da Inglaterra e da França na Guerra Civil Espanhola

Trecho do artigo «Por que lutavam eles na defesa de Madrid em 1936?» por Miguel Urbano Rodrigues:
Eu sabia que o Comité [de Não Interversão], instalado em Londres, não atingira o objectivo proposto. Fora na prática um organismo de fachada. A Alemanha e a Itália desrespeitaram desde o início as suas resoluções, com a cumplicidade farisáica da Inglaterra e da França. Quando Hitler e Mussolini decidiram apoiar militarmente a sublevação de Franco e Mola, a Inglaterra, potencia naval hegemónica, poderia ter impedido o desembarque de tanques, aviões e de milhares de soldados italianos nos portos da Andaluzia. Mas limitou-se a protestos hipócritas. A França de Leon Blum fechou a fronteira com a Catalunha, impedindo a entrega ao governo do presidente Manuel Azaña de armas que este havia comprado e pago.
Isso enquanto os aviões alemães da Legião Condor, pilotados por nazis da futura Luftwaffe, bombardeava a população civil de cidades da Republica. A destruição de Guernica é recordada como exemplo e símbolo da barbárie fascista. 
Foi somente em Outubro que cargueiros vindos da URSS, em resposta à ostensiva intervenção das potências do Eixo, descarregaram em Cartagena os primeiros caças Policarpo I-16. Conhecidos em Madrid por "Chatos" e "Moscas", entraram em combate imediatamente, derrubando numerosos Heinkel, Junkers e Fiat para surpresa dos estados-maiores de Londres e Paris.  
A passividade britânica e francesa estimulou a escalada do fascismo. Hitler interpretou-a correctamente  A política da "Não intervenção" funcionou na prática como um prólogo da capitulação de Munique.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sonham os Andróides com Carneiros Eléctricos?

É um excelente livro. Surpreendeu-me em todos os aspectos pela positiva. O forte preconceito que tinha em relação a livros de ficção científica alterou-se e aguardo com expectativa se será igualmente positiva a minha próxima incursão por um livro do género. O filme Blade Runner baseia-se neste livro, mas pouco têm em comum além de alguns elementos base. Ler o livro é uma experiência que nada me afectou pela negativa por já conhecer, e ser fã, do filme.


Sonham os Andróides com Carneiros Eléctricos é um título certeiro que a editora Europa-América não soube dignificar ao assemelhar a capa do livro a um poster do filme. Um pequeno exemplo de como se preferiu corromper a obra de um autor por razões promocionais e de vendas. Cheguei a procurar por uma versão escrita em português que respeitasse o título original mas parece que não existe, é pena. Não consigo deixar de fazer aqui referência a isso.

Em Sonham os Andróides com Carneiros Eléctricos tudo tem uma duplicidade, ambivalência, contradição, que nos entrelaça numa dinâmica de valores e percepção do mundo sempre em transformação, re-análise constante, e o levantar de uma série de questões filosóficas sobretudo existencialistas. O que é um ser humano? Que valor tem? Estas e outras questões vão surgindo implicitamente com o acrescento de mais e mais camadas introduzidas ao ambiente pós-apocalíptico, noir, artificial, "desumanizado" e místico que vai sendo descrito. São questões abordadas de forma muito interessante explorando a semelhança que há entre os humanos e os andróides. Afinal, que diferenças há entre eles, quando há andróides que, por exemplo, participam numa ópera de Mozart possuindo uma das mais belas e comoventes vozes que o protagonista jamais ouviu, e por outro lado, a maioria dos humanos se ligam diariamente a uma máquina que artificialmente lhes programa o estado de espírito? Que valor tem esta vida andróide? Afinal são feitos de matéria viva também. Acrescente-se: a dúvida, sobre quase tudo, é a angústia predominante em toda a obra e o leitor também não sai incólume.

Muitos outros elementos existem na obra que mereciam aqui ser destacados, mas de tão rica que é a obra criada por Philip K. Dick, me são impossíveis de aqui poder abordar. O filme peca por não explorar alguns desses elementos centrais, como a religião predominante - o Mercerismo - e, sobretudo, a relação dos humanos com os seus animais de estimação.

Assim penso: ficar-me-á, este livro, marcado como um dos meus favoritos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Para onde vai o dinheiro dos bilhetes da CP?


O Governo cumpre a sua verdadeira tarefa, em duas linhas:
  1. prepara a entrega das áreas operacionais a privados, já a gerar lucros, e
  2. vai transferindo rios de dinheiro para os banqueiros, por via das perdas financeiras. (*)
Caso para relembrar a seguinte citação de 1848 neste blog:
«O executivo do Estado moderno não é mais do que uma comissão para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa».

Marx e Engels
(*) frase retirada daqui.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A invasão real da África não está nos noticiários (excerto)

«Uma invasão da África de grandes proporções está em andamento. Os Estados Unidos estão a instalar tropas em 35 países africanos, a começar pela Líbia, Sudão, Argélia e Níger. Isto foi informado pela Associated Press no Dia de Natal, mas ficou omisso na maior parte dos media anglo-americanos. 

A invasão pouco tem a ver com "islamismo" e, quase tudo a ver com a aquisição de recursos, nomeadamente minérios, e com um acelerar da rivalidade com a China. Ao contrário da China, os EUA e seus aliados estão preparados para utilizar um grau de violência já demonstrado no Iraque, Afeganistão, Paquistão, Iémen e Palestina. Tal como na guerra-fria, uma divisão de trabalho exige que o jornalismo ocidental e a cultura popular providenciem a cobertura de uma guerra sagrada contra um "arco ameaçador" de extremismo islâmico, não diferente da falsa "ameaça vermelha" de uma conspiração comunista mundial.

A recordar a Luta pela África no fim do século XIX, o US African Command (Africom) construiu uma rede de pedintes entre regimes colaboracionistas africanos ansiosos por subornos e armamentos americanos. (...) 
É como se a orgulhosa história de libertação da África, desde Patrice Lumumba até Nelson Mandela, estivesse destinada ao esquecimento por uma nova elite colonial negra ao serviço do mestre cuja "missão histórica", advertiu Frantz Fanon há meio século, é a promoção de "um capitalismo desenfreado embora camuflado"» - por John Pilger. (ler o restante aqui)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Colectânea de Artigos (Janeiro de 2013)

  • Em Cuba, ler jornais, Dumas e Balzac dá direito a ser património nacional, in Público.pt;
    Ler com os ouvidos. É o que fazem os operários das tabaqueiras de Havana. Cada fábrica tem um funcionário que lê para os colegas. Esta profissão já é património nacional. Agora, quer ser do mundo.
  • E agora?, in As Palavras São Armas;
    Os voluntariosos voluntários mudam de cenário entregando bebidas quentes, cobertores e muito carinho, que também aquece a alma, aos sem abrigo. (...) E agora? Amanhã os carenciados, os desabrigados e angustiados que são aos milhões, o que lhes acontecerá? A resposta é de todos conhecida. 
  • Song Analysis: David Bowie’s “Where Are We Now?”, in/by Garyewer;
    Análise à música do novo single de David Bowie
  • Portugal 2013, por Miguel Urbano Rodrigues, in O Diário;
    Portugal oferece nestas semanas a estrangeiros recém-desembarcados a imagem de um país onde o absurdo e o irracional marcam o quotidiano, empurrando o povo para uma catástrofe social sem precedentes. 
  • Ciclo de Cinema dedicado ao Expressionismo Alemão, in My 2000 Movies;
    O Expressionismo Alemão foi um movimento de curta duração no cinema (de 1920 a 1933), seus realizadores reflectiam a desilusão e o pessimismo dos alemães após a Primeira Guerra Mundial, criando sombras pesadas, histórias deprimentes e obscuras, e personagens corruptíveis. 
  • A Roda do Povo, in kontra korrente;
    Talvez devamos aprender mais com os que sujam as mãos de terra e menos com os que enchem os bolsos de dinheiro.